Bastam algumas horas de pesquisa para se constatar que, atualmente, a situação do meio ambiente é grave. Na opinião de estudiosos, o principal fator responsável por ela é a própria modernidade que, somada à globalização, impõe um estilo de vida considerado “ambientalmente insustentável”. O vilão? Para alguns, o capitalismo. Estes defendem que esta busca incansável pelo lucro e pelo “desenvolvimento” coopera cada dia mais com a destruição do planeta. Para outros, não tem conversa: o culpado é o próprio homem e a sua ambição descontrolada.
Para se ter uma idéia do que representa o estilo de vida atual do mundo, o doutor em Ciências Sociais e pesquisador de história ambiental, Mauro Leão Gomes, alerta: “Não seria possível, por exemplo, estender o mesmo nível de consumo de um americano de classe média para toda a população do mundo. Para isto seriam necessários cinco planetas iguais ao nosso em recursos naturais e energia”.
Mauro Leão defende que a mentalidade do ser humano ainda é a do consumo contínuo, sem a preocupação com os impactos das nossas ações. “Não pensamos efetivamente em reciclagem. Cada litro de óleo de soja que usamos nas nossas cozinhas pode ser transformado em um litro de biodiesel. Só com o aproveitamento deste óleo que jogamos nos ralos poderíamos movimentar, por exemplo, toda a frota de ônibus da cidade do Rio de Janeiro”, afirma.
Ele explica que o fato de as pessoas ainda não terem adquirido o hábito de preservar o meio ambiente através de pequenas atitudes - como fechar a água da torneira enquanto escovam os dentes ou durante o banho - contribui com esta degradação cada vez maior e mais rápida do planeta. “Existe uma desconexão entre o crescimento econômico e os limites físicos apresentados pela biosfera. Usamos muitos recursos naturais não renováveis como se fossem ilimitados, e não nos preocupamos de modo efetivo com a questão da reciclagem”, alerta.
Preocupar com o meio ambiente está na moda?
Tanto se falou em crise ambiental que já se tem um nome para a questão: uma junção dos termos “responsabilidade social” e “responsabilidade ambiental” resultou na expressão “responsabilidade societal”. E algumas empresas, para melhorarem a imagem que construíram ao longo dos anos ou, como forma de, indiretamente, aumentarem sua renda, adotam medidas de responsabilidade societal como estratégia de marketing, estampando isto em suas sacolas feitas de papel reciclado ou em embalagens de palitos de dentes “produzidos a partir de madeira de reflorestamento”.
Até aí, tudo bem. O problema surge quando as pessoas começam a pensar que tanta preocupação com o meio ambiente está na moda e, como toda tendência, um dia deverá passar. Mauro afirma que esta preocupação ainda insuficiente com a natureza “não é uma questão de moda e muito menos um exagero, como algumas nações do mundo, inclusive o Brasil, pensam”. Para ele, “o que se desenha no horizonte, hoje, é a pior crise estrutural já colocada para a humanidade. Algo muito mais sério que a atual crise econômica”. E completa: “Neste contexto, nosso atual modelo civilizatório não poderá ser mantido por muito tempo”.
A participação do cidadão comum
Considerando o risco ambiental que a Terra está passando, algumas atitudes de - pode-se dizer – higiene e educação deveriam ser tomadas pelas pessoas em casa e nas ruas. É como se fosse preciso assumir pequenos atos como “obrigação”, como separar o lixo para reciclagem, economizar água, utilizar eletrodomésticos e veículos com baixo consumo energético, dar preferência ao transporte coletivo em vez do automóvel, etc. “O mais importante”, alerta Mauro, “é que haja uma diminuição significativa no consumo de energia e de recursos naturais do planeta. E, para que isto ocorra, é necessário uma mudança no modo de vida do ocidente”.
Na opinião do pesquisador, a Igreja, por sua vez, pode ajudar, e muito. “As religiões são espaços de criação de práticas culturais, e assumem um papel importante no que se refere à educação ambiental, na medida em que líderes espirituais são formadores de opinião”, afirma.
Uma enquete publicada no site evangélico “Elnet” pergunta a opinião dos internautas quanto à participação das igrejas nas questões ambientais. O resultado é implacável: 90,4% das pessoas que responderam até o dia 12 de maio afirmam que a Igreja deve, sim, se envolver com o problema da crise ambiental, “pois estamos no mundo e devemos zelar pela criação de Deus”. Mas, o que estas mesmas pessoas têm feito dentro da própria casa? Como elas tratam o lixo que produzem? Evitam o uso de sacolas plásticas? Jogam lixo nas ruas? E, caso não façam nada disto, ensinam os filhos a não o fazerem, também?
“Quando, hoje, se fala em crise ambiental, não são apenas os aspectos físicos, biológicos e químicos das alterações do meio ambiente que vêm ocorrendo no planeta que estão em pauta. Ela é bem mais que isso. É uma crise da civilização contemporânea; é uma crise de valores, que é cultural e espiritual”, conclui Mauro
quarta-feira, 22 de julho de 2009
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